“Quer mesmo me deixar, jogar pro ar, todo aquele amor que eu te dei?”

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Batidão Tropical, a identidade escancarada de Pabllo Vittar.

Prestes a comemorar cinco anos de carreira, Pabllo Vittar já mostrou sua versatilidade, acumulou diversos hits pra chamar de seu e pode se orgulhar de ser a dona de um dos melhores discos do pop nacional, o Não Para Não. Em mais um importante passo de sua carreira, Pabllo lançou em junho seu mais recente álbum, o Batidão Tropical

Inicialmente, tivemos que nos acostumar com a ideia de que seis das nove faixas do disco são, na realidade, regravações de músicas que contribuíram na construção da identidade artística de Pabllo Vittar. Como a cantora não havia dado nenhum indício antes do lançamento do disco, tivemos que nos adaptar a esse conceito e lidar com a quebra de expectativas de um trabalho composto somente por inéditas.    

Feito isso, nos entregamos completamente ao Batidão Tropical apresentado em suas nove faixas e pouco mais de 20 minutos.  Confira a review do disco. Vamos lá? 

    Acostumando seus fãs com forrós deliciosos como “Seu Crime” e “Amor de Que”, de seus trabalhos anteriores, naturalmente, “Ama Sofre Chora”, primeiro single do novo disco, traz certa familiaridade e resgata o estilo que Pabllo tem difundido pelo Brasil nos últimos anos. Com elementos na produção que proporcionam uma atmosfera mais regionalizada do norte e nordeste do país – que acompanha todo o disco – a música parece ser a escolha perfeita para iniciar os trabalhos e abrir caminho para Triste Com T”, a forró perfection do disco, que se constrói na fórmula: letra fácil, refrão chiclete, arranjo gostoso e, ainda de quebra, uma brincadeira divertida com o título da música. Impossível escutar a música e não sair cantando “hoje eu tô com tesão, hoje eu tô com tesão, hoje eu tô com tesão, vem cá, mozão” por aí. 

Dando continuidade ao clima tão característico do álbum, a inédita “A Lua” e as regravações “Ânsia” e “Apaixonada” entregam ao público a nuance mais leve, divertida e verdadeiramente brasileira de Pabllo que o Brasil aprendeu a amar e apoiar desde “K.O.”

    Como uma variação necessária ao ritmo do disco, Pabllo incorpora ao repertório “Ultra Som”, a produção mais ousada do Batidão Tropical. Misturando elementos da música brega e eletrônica, o resultado é uma faixa atual, divertida e com a identidade da Pabllo. Pra quem já foi a um show seu, sabe que o pop, o eletrônico e a música brega dividem espaço e divertem o público. “Mexe, remexe com Chupa Pabllo manda ver”. Impossível ouvir e não cantar junto. 

    Na sequência, “Zap Zum” resgata a sonoridade base proposta pelo trabalho e se assemelha com as produções tão conhecidas dos carnavais dos anos 90 e 2000. Sua letra fácil e cafona – no melhor dos sentidos – encontra uma melodia que vai grudar na sua cabeça e te fazer decorar a música mesmo que você nem faça ideia de como isso aconteceu. A produção tem um clima tão envolvente e festivo que, recentemente, durante as Olimpíadas de 2021, a faixa caiu nas graças do público e trilha o caminho de se tornar um hit orgânico. 

    Além de entreter o público, as canções apresentadas até aqui parecem servir também como uma preparação de terreno para o auge do disco com “Não é Papel de Homem”. A produção traz uma melodia que vai crescendo, envolvendo e que explode em um refrão poderoso nos vocais inconfundíveis de Pabllo. Ao deixar sair do peito “quer mesmo me deixar, jogar por ar todo aquele amor que eu te dei? Presta atenção, seu coração vai pagar o mal que me fez”, a artista parece ter encontrado o próximo smash hit de sua carreira. 

    Praticamente sem que você perceba o tempo passar, “Bang Bang” chega para marcar o fim do disco e cumprir o seu papel em trazer uma produção divertida, com elementos temáticos que fazem alusão ao seu título, deixando ainda o recado de que o disco é, de fato, uma mistura animada e agitada para que a Pabllo Vittar possa celebrar suas raízes musicais.   

Dessa forma, o Batidão Tropical se apresenta como mais um grande acerto na carreira da artista, resultando em um CD que é tão, mas tão a sua cara que chega a ser impossível pensar qualquer outra pessoa para lançá-lo. Mesmo com um elemento diferente aqui e outro ali, o CD é coerente e consistente do começo ao fim ao propor uma sonoridade muito específica e uma energia lá em cima. Além disso, deixa claro a capacidade de Pabllo em compreender, como ninguém, sua própria identidade musical e explorá-la em músicas que parecem prontas para as rádios, para as pistas e para os shows que precisam acontecer na pós-pandemia.  

Em tempos de uma busca incessável por hits imediatos, ver uma das maiores artistas brasileiras investindo tempo para o lançamento de um disco para contar uma história completa é mais do que animador. Por tudo o que a artista representa, mais hora ou menos hora, Pabllo cairá nas graças do mercado internacional e, quando isso acontecer, ficaremos tranquilos em  saber que ela já entendeu e homenageou sua própria identidade. Por enquanto, seguimos no repeat e na espera da parte II do Batidão Tropical

Top 3: Não é Papel de Homem, Ultra Som e Zap Zum 

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